Ramon
- Cartografias Subjetivas
- 27 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Olá,
Sou o Guilherme, o Gui, eu escrevo poemas aqui no Cartografias e, na cartografia de hoje, eu pedirei licença para meu eu-lírico titular e para minha forma de escrita favorita, para escrever um texto em prosa e, para isso, utilizarei de uma outra persona, Rámon, um jovem que se descobriu como potência em uma situação que lhe tirou da zona de conforto.
Vamos lá?
¡Hola! ¿Qué tal?
Meu ‘nombre’ é Rámon, sou descendente de espanhóis e trago comigo trejeitos dos imigrantes que vieram para o Brasilsão véio de guerra, isso porque cresci muito próximo de meus ‘abuelos’.
Desde pequeno dizia ser meu lema de vida “a lei do mínimo esforço”. E esse pensamento é relevantíssimo para esta minha cartografia que estou compondo junto com vocês.
Gosto do cômodo, gosto da zona de conforto, ela é quentinha e acolhedora, fazendo com que a lei do mínimo esforço se auto alimentasse em minha vida – sabe como é, para quê vou me matar para conseguir algo, se consigo um semelhante por menos esforço?
Mas comecei a perceber que ela não estava mais me bastando, via situações que, por estar fazendo o mínimo, perdi a oportunidade de ter maiores alegrias.
O ponto de virada – ou como ficou na moda atualmente – o gatilho para a mudança, foi ter assistido o filme “Sim, Senhor” com o Jim Carrey (eu amo o Jim, ‘barbaridá’, como o amo). Uma breve explicação sobre o filme, se você ainda não assistiu (aproveito para deixar minha recomendação enfática para que o faça), trata-se de um personagem que está frustrado e após uma série de desventuras, decide dizer “sim” para todas as propostas que lhe eram ofertadas.

Assim, levado pelo espírito do Jim, decidi agir sem pensar muito e aceitar os convites que me eram propostos. Claro que comecei com passos pequenos, afinal, a lei do mínimo esforço estava vigente ainda.
Ocorre que quando comecei a aceitar todos os convites que me foram propostos, alguns estavam longe da minha zona de conforto e foi para o convite de uma festa de aniversário, onde eu só conhecia a dona da festa, que a lei que me dirigia foi posta à prova.
Lembro nitidamente da sensação física de desconforto ao chegar no local da festa, a ansiedade estava a mil, um zilhão de cenários passava na minha cabeça, como que tentando retomar o conforto do ‘puff’ quentinho que é a zona de conforto e a lei do mínimo esforço.
O coração acelerado, os olhos circulando por todos os ambientes, buscando por um sinal de alento, um local para aportar e me sentir mais confortável e menos deslocado. Um aperto no peito. Medo de ser excluído.
Ao adentrar na área de maior aglomeração de desconhecidos, tive um flash “Opa, eu acho que já vi essa menina, pode ser um lugar para me ancorar”.
E como diz o ditado “quem sai na chuva é pra se molhar”, tomei coragem, deixando o caminho de medo para trás, dirigi-me até ela, que estava circundada com mais duas amigas e perguntei se ela era quem eu achava que era.
Veio a confirmação.
“Ufa, tem mais alguém aqui que pode me acompanhar nessa jornada.” Foi o que pensei.
Papo vai, papo vem, comecei a me sentir mais confortável, a sensação de não-pertencimento estava desaparecendo e foi, então, que comecei a papear com a amiga ao lado da conhecida de outros carnavais.
Tive a sensação de um estalo, como aquelas lâmpadas que aparecem sobre as cabeças dos personagens de quadrinhos e desenhos animados. Um marco em minha vida, a constituição de Consuello, a amiga da minha conhecida, que se tornara, a partir daquele meu ato de coragem uma das minhas melhores amigas, meu Abô, Mi Consuello.
Indo além, a percepção que estava se formando, não era só desse novo marco. Era muito mais, trata-se de um novo jeito de se viver, a consciência de que se pode escolher caminho diverso do regido pelo medo, do regido pela preguiça, da zona de conforto e, com isso, desbravar novos mares, novas experiências e, por fim, felicidades.
Guilherme Rossi Cirelli
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